quarta-feira, 25 de julho de 2012

O Segundo Beijo

O segundo beijo só aconteceu anos depois do primeiro. Nesse meio tempo segui mantendo vivas todas as fantasias que me levaram àquele Verdade ou Consequência. Não beijar, contudo, não foi uma opção. Foi antes fruto da minha própria baixa auto-estima, reforçada, talvez, pela experiência desastrosa da tentativa anterior. Isso não significa, claro, que eu não tenha me interessado por algumas meninas durante o hiato. Pelo contrário. Era gamado em uma colega e permaneci assim até terminar o Ensino Médio. Apesar disso, nunca consegui demonstrar que era a fim dela. Beijá-la, então, estava fora de cogitação. Na mesma época, também gostava de uma amiga de uns amigos meus. Jogávamos RPG religiosamente todos os finais de semana. Eu era o bobão do grupo. Divertia-me contar piadas, fazer as pessoas rirem. Sou assim até hoje quando estou entre conhecidos. Acho que foi o meu senso de humor que me garantiu uma nova chance.

Convidei todo o grupo de RPG para minha formatura de Ensino Médio. Ela inclusive. A festa foi em um clube bem pertinho de onde eu morava. Depois da colação de grau, comemos pizza na minha casa e em seguida fomos caminhando até o baile. No caminho, ela se aproximou de mim e ficamos falando bobagens. Aquilo me fez bem. Não vou negar que imaginava beijá-la naquela noite. A possibilidade me excitava. Ainda assim, pensava que nunca aconteceria. A simples idéia de iniciar um flerte qualquer que me levasse à sua boca me fazia suar frio. O quê eu poderia dizer? Como fazê-la perceber minhas intenções? Como me portar? Não tinha respostas para essas perguntas. Falar bobagens, na minha cabeça, não seria suficiente e por isso sabia que a noite terminaria sem que acontecesse porra nenhuma. Por sorte eu estava errado.

A iniciativa foi dela. Sentávamos juntos ela, dois colegas e eu. Acho que eles devem ter percebido que rolaria alguma coisa, pois em algum momento nos deixaram sozinhos e foram aproveitar o baile. Eu, bobo, não apenas deixei de notar o interesse dela como também fiquei chateado com meus amigos que encheriam a cara sem mim. Mas era minha missão como anfitrião da festa entretê-la, e portanto seguimos conversando. Entre um assunto e outro, senti que ela segurava minha mão. Ao perceber, meu coração disparou. Houve um silêncio incômodo e quando me dei por conta já estávamos nos beijando. E foi tudo natural. Não precisei dizer nada. Não precisei fazer com que ela percebesse minhas intenções. Não precisei me portar de maneira especial. Simplesmente aconteceu, e seguiu acontecendo até que as luzes do salão foram acesas. Voltei para casa cantando com os passarinhos.

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