quarta-feira, 30 de março de 2011

Louva-a-Deus

Hoje de manhã encontrei um Louva-a-Deus
Fazia tanto tempo que não via um
Que tê-lo encontrado só pode significar
Boa sorte.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Burlamáquina

Tive minha primeira ereção aos nove anos de idade. Talvez essa até não tenha sido a primeira, mas foi a que ficou na memória como tal. Era maio de 1996 e a cidade estava repleta de outdoors anunciando a Playboy do mês. Na capa estava uma moça chamada Paula Burlamaqui. Lembro de vê-la da janela, em tamanho gigante, insinuando-se para mim sobre um tapete de peles. Ia com minha mãe para algum lugar da Zona Norte quando o carro parou em um sinal. Foi assim, de dentro do automóvel e ao lado de minha mãe, que a tal da ereção aconteceu. Na hora gelei. Não estava acostumado com aquilo e nem mesmo sabia ao certo o que estava acontecendo comigo. Naquela época, o sexo era algo bem etéreo para um guri de nove anos. Já tinha visto uma ou outra revista de mulher pelada, mas até aquele momento jamais sentira atração pelas moças das fotos, que eram, ao fim e ao cabo, apenas fotos.

Naquela tarde, contudo, Paula mudou de uma vez por todas a forma como eu veria as mulheres. Dali em diante, as moças das fotos não seriam mais feitas apenas de tinta e de papel: tornar-se-iam reais, de carne. Tornar-se-iam objetos de desejo. Fiquei meio embasbacado, olhando para o anúncio. Admirava o cabelo de Paula, o contorno de sua boca e, acima de tudo, admirava seus seios. A excitação, ainda que sexual, misturava-se com a idéia de conforto que aquele tapete passava. Sentia como se pudesse passar o resto da vida junto daquele tapete e daqueles seios.

Mas Paula me pegou desprevenido, no carro, ao lado de minha mãe. Quando me dei por conta do lugar onde estava, a vergonha foi total. A mágica se quebrou. Havia alguém entre Paula e eu, alguém entre o tapete e eu, alguém entre os seios e eu. Os trinta segundos do sinal vermelho tornaram-se eternos. Tentei disfarçar, coçar a testa, olhar para o outro lado, essas coisas. Tudo em vão. Paula já me hipnotizara. Ao perceber que minha mãe me fitava, ruborizei. Era impossível disfarçar a excitação. O sinal abriu e o carro arrancou. Na hora, minha mãe não comentou nada, então desconfiei: teria ela percebido? A confirmação veio mais tarde, quando até o meu avô ficou sabendo sobre o meu tesão pela Paula Burlamaqui, a Burlamáquina, como ele a chamou.

Na época não me interessei em descobrir quem era aquela mulher. Nem mesmo comprei a revista, ainda que Paula tenha se tornado protagonista de boa parte de minhas fantasias juvenis. Mesmo hoje não faço idéia de quem ela seja. Tudo o que sei é que em algum ponto da história ela traiu o namorado durante o Carnaval do Rio. Grande coisa. Se em 1996 ela tivesse um namorado, já o teria traído comigo.