terça-feira, 26 de julho de 2011

22/07

Na última sexta-feira, 22 de julho, um sujeito resolveu explodir uma bomba na capital da Noruega, Oslo, e, logo em seguida, metralhar jovens que se divertiam em um acampamento de férias. Segundo ele, a Escandinávia seria incapaz de perceber os perigos que a imigração e a miscigenação racial trariam ao seu povo. Caberia a ele, portanto, alertar os noruegueses para essas ameaças. A frieza que envolveu os atentados terroristas chocou o mundo. Até aí, nenhuma novidade. Esse tipo de coisa é cada vez mais comum e, como estudante de Relações Internacionais, Ciência Política e o caralho a quatro, pouco me impressionam. Ou melhor, pouco me impressionavam. Achei que essa tentativa de entender fenômeno de forma ciêntifica me blindaria de alguma forma quando ele ocorresse. Aquela manhã provou que eu estava errado. Ao ver as fotos do que acontecia em Oslo, praticamente em tempo real, tive vontade de chorar. Voltei no tempo para 2009, quando morei na cidade, e pensei nas vezes em que estive próximo do local atingido pelas explosões. Pensei na minha família, nos meus amigos, e na aflição que sentiriam ao saber que eu poderia ser uma das vítimas do atentado. Pensei em uma sociedade que era modelo de tolerância e de democracia e nas consequências nefastas que um acontecimento desse tipo traria a ela no longo prazo. Não há conhecimento empírico que nos blinde contra o mundo real. Inocência minha acreditar que estaria a salvo. Como o médico oncologista que vê um ente querido ser vítima de câncer. A dor de viver determinada situação, antes conhecida apenas pelos livros, pelas notícias do jornal ou pelos outros, é real. Na sexta-feira de manhã, aquele sujeito feriu dezenas de noruegueses, mas quantas outras pessoas não terão sido feridas ao redor do mundo? Parte de minhas lembranças sangraram.